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11 de março de 2025 por Luze Azevedo

O Caminho de Dona Thalia

O Caminho de Dona Thalia
11 de março de 2025 por Luze Azevedo

Carona de Palavras

O Caminho de Dona Thalia

Hoje, o azedume do dia já me basta.

Carona de Palavras

Thalia… Um nome que carrega em si a essência da alegria e do florescer. De origem grega, seu significado remete ao viço da vida, à exuberância que brota com o tempo. Como um campo em plena primavera, ela simboliza o crescimento, a prosperidade, o riso que se espalha pelo vento.

Na mitologia, Thalia é mais do que um nome ~ é uma musa, filha de Zeus e Mnemósine, inspiradora da comédia e da poesia bucólica. Seu semblante traz o teatro nos traços: um cajado em mãos, uma máscara cômica que ecoa gargalhadas ancestrais. Sobre a cabeça, uma coroa de trepadeira, símbolo da imortalidade. Nos pés, sandálias que a levam por caminhos onde a arte e a alegria nunca cessam de florescer.

O sol decidiu tirar um cochilo bem no meio do meu trajeto. Foi justamente quando eu achava que o dia não podia ficar mais simbólico, lá estava ela: Thalia, a filha de Zeus, descendo dos céus ~ ou, no caso, da calçada da floricultura ~ com um buquê de girassol nas mãos. Mas nada de toga ou sandálias douradas, não! A musa da comédia vestia um cansaço de dar dó, arrastando os pés como quem já discutiu com todas as noivas de Atenas.

— Boa tarde, Dona Thalia! Para onde vamos? ~ perguntei, ajeitando o retrovisor, curioso com aquela deusa das flores e das olheiras.

Ela suspirou e acomodou as flores no banco ao lado, como se um filho recém nascido fosse; como quem acomoda a esperança ali por um minuto só.

— Para casa ~ disse, num tom que beirava a poesia trágica. — Do altar ao Cambuci.

Eu sorri. Nome de bairro e de fruta, olha só.

— O senhor sabia que cambuci é mais azedo que limão? Mas tem quem goste.

Ela piscou devagar, como se a informação estivesse sendo analisada em alguma dimensão superior do Olimpo, e continuou:

— Já experimentei ~ respondeu, encarando a rua com a expressão de quem viu muita coisa nessa vida. ~ Mas hoje não fiz suco. Fiz bouquets… Muitos. Já perdi a conta.

— Só para noivas? ~ perguntei, meio ingênuo, porque achei que floricultura e casamento eram sinônimos.

Dona Thalia riu, mas daquele jeito que a gente ri quando entende uma piada que não é exatamente engraçada.

— Não só. Mas são elas que mantêm minhas mãos ocupadas. Véus, promessas, buquês… Tudo isso cabe em algumas flores. O problema é que até entre as pétalas há destinos diferentes. Algumas vão para o amor, outras… ~ suspirou, olhando o horizonte — para a despedida.

E o silêncio tomou o carro, aquele silêncio que faz a gente refletir até sobre a vida útil de uma margarida.

Quando chegamos ao Cambuci, as casas antigas e as amendoeiras tortas nos observavam de volta.

— E o seu suco de cambuci? Vai querer? ~ perguntei, quebrando o peso da conversa.

Ela sorriu de canto, ajeitando o buquê nos braços.

— Talvez amanhã. Hoje, o azedume do dia já me basta.

E sumiu na porta de sua casa, enquanto um vento leve espalhava o perfume das flores.

Juro que, ao arrancar com o carro, senti no ar o cheiro agridoce de um cambuci que nunca provei. Ou talvez fosse só mais uma travessura da filha de Zeus, que desceu à Desembréia de Deus para florescer os caminhos de quem cruzasse com ela.

Frei e-uBer, motorista de histórias e espectador de vidas, assina esta crônica entre um congestionamento e uma esperança.
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Em cada corrida uma Estória. Em cada Estória: Fé que transforma!
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A cidade grande não recebeu o jovem sonhador com braços abertos. Sem dinheiro e sem conhecer ninguém, dormiu em rodoviárias e passou fome antes de encontrar um emprego lavando pratos em uma lanchonete. Subiu para chapeiro e depois subchefe, trabalhando exaustivamente, agarrando cada oportunidade, cada centavo. Mas a promessa de voltar para buscar sua família parecia sempre mais distante.