No Retrovisor da Vida

Viver é a maior das aventuras; escrever é a arte de dar sentido a cada curva do caminho.

A Desembréia de Deus não se ergue sobre altares, nem se fecha entre vitrais coloridos. Sua estrutura é móvel, feita de assentos de carro e diálogos improvisados, onde o julgamento não tem lugar ~ apenas a escuta genuína. É nesse espaço efêmero, entre uma corrida e outra, que Frei e-uBer cumpre sua verdadeira missão: ajudar passageiros a soltarem seus fardos, destravarem seus medos e enxergarem novos caminhos.

Foto:  Logo da Desembréia de Deus.
by Luze Azevedo

Corridas que vão além do trajeto ~ momentos de reflexão. Independente da fé, seguimos no mesmo caminho, buscando algo maior.

São fragmentos de vidas que cruzam a cidade, histórias que entram e saem junto com seus passageiros ~ reflexos de uma jornada que também é sua. Um homem que transformou a dor em fé, a culpa em redenção, a solidão em encontro. Para ele, cada rua é um recomeço, e cada passageiro, um espelho onde se aprende e se ensina.

O trânsito de São Paulo tem o dom de transformar qualquer um em filósofo. Basta esperar em um semáforo para questionar a existência, o destino e se vale a pena discutir com um motoqueiro que bateu no retrovisor.

Era uma terça-feira comum, e eu, motorista de aplicativo, aguardava um passageiro. Ele entrou apressado, camisa meio para fora da calça, olhos grudados no celular. Mal fechou a porta e já veio o pedido:

— Moço, pode ir rápido?

Sorri. Esse era o pedido mais contraditório da cidade. “Rápido” e “trânsito” combinam tanto quanto “calmaria” e “fila de banco”.

— Faço o possível — respondi, ajustando o espelho.

No silêncio inicial, apenas o som do motor e das notificações do celular dele, apitando como um alarme de incêndio. Até que ele suspirou fundo e desabafou:

— Sabe quando a vida parece emperrada?

Olhei pelo retrovisor. Jovem, com a pressa de quem quer chegar, mas sem saber exatamente onde.

— Entendo. O que te prende?

— Trabalho, relacionamento, essa sensação de que eu devia estar em outro lugar…

Assenti. Já ouvi esse discurso tantas vezes que, se cobrasse por terapia além da corrida, estaria milionário.

— E por que não vai?

Ele riu, daquele jeito de quem já ensaiou muitas desculpas.

— Não é tão simples…

Sorri de novo. Sempre que alguém diz isso, geralmente é.

— Aprendi dirigindo que ninguém chega a lugar algum sem antes decidir partir. Se não engatamos a marcha, viramos parte da paisagem.

Ele franziu a testa, refletindo.

— Você já se sentiu preso, moço?

Ri. A ironia era grande demais para ignorar. Eu literalmente já estive preso. Mas essa história não cabia ali.

— Já, claro. Mas descobri que nada prende quem se permite seguir.

Ele ficou em silêncio, absorvendo a frase. Alguns minutos depois, bloqueou a tela do celular e olhou para a janela. Pela primeira vez, parecia realmente presente.

— Vou pensar nisso — disse ao sair.

— Boa viagem, então.

E segui. Porque refletir é essencial, mas saber quando sair do pensamento e engatar a primeira… isso é o que realmente move a vida.

Luze azevedo

um Santista, vivendo e aprendendo a jogar; nem sempre ganhandonem sempre perdendo; mas, aprendendo a jogar!

 

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