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“Arte boa é que nem pastel de feira ~ melhor quando chega quente e sem aviso.”
Conexões Que o Asfalto Não Apaga
Essa é a magia do “Desembréia de Deus”: vidas que se cruzam por alguns minutos, mas deixam marcas que podem durar para sempre. Quantos “e se…?” já passaram pelos bancos desse carro? Quantos olhares trocados, desejos não ditos, ou sorrisos tímidos que guardam promessas?
Inspirado por esses momentos, decidi criar no blog um espaço chamado “Carona de Palavras”, onde vocês, meus passageiros virtuais, podem compartilhar suas mensagens de bom dia, críticas, sugestões ou até contar sobre encontros fortuitos que marcaram suas vidas. Quem sabe não ajudamos a transformar algum “e se…?” em “eis que…”?
Enquanto o “Desembréia de Deus” desliza pelas ruas, carrego mais que passageiros: carrego sonhos, confissões e, às vezes, até pitadas de destino. Hoje, porém, o dia trouxe uma sinfonia de coincidências que nem meu velho rádio de fita conseguiria explicar.
A jornada começou na Barra Funda, onde uma arquiteta de 30 anos entrou no carro. Trazia consigo uma mochila cheia de plantas de projetos e um canudo tão grande que quase não cabia no banco. Seus olhos, entre o cansaço e a determinação, brilhavam ao falar de um casarão histórico que planejava restaurar. “Vou devolver vida às paredes”, disse, enquanto a Av. do Cursino ~ aquela veia pulsante da zona sul, onde árvores resistem ao concreto e o comércio local divide espaço com histórias antigas ~ se desenrolava à nossa frente. Mas, num sussurro quase imperceptível, confessou: “Queria reformar meu coração também. Trabalho tanto que o amor virou projeto inacabado”.
Mal ela desceu ~ nem tive tempo de murmurar uma oração de agradecimento pela viagem tranquila ~, quando um advogado de litígios familiares entrou no carro. A vontade de recitar um “Deus seja louvado” ainda ressoava dentro de mim, quando ele se acomodou. Gravata levemente desalinhada, pasta de processos em mãos, mas um sorriso que destoava da seriedade de sua profissão. “Hoje é meu dia de sorte, Frei!”, declarou com entusiasmo, antes mesmo de fechar a porta. O destino dele era a Rua Bom Pastor, no Ipiranga ~ bairro que respira história, onde até o vento parece murmurar “Independência ou Morte!”. No entanto, enquanto eu acelerava, percebi seu olhar fugidio pela janela, seguindo a silhueta da arquiteta que desaparecia entre as pessoas. Um breve encontro de olhares, tão rápido quanto o piscar de um semáforo, mas que deixou no ar aquele “E se…?”, que até os santos ficariam tentados a espiar.
Naquele instante, senti um frio na espinha ~ ou seria o Espírito Santo cutucando minha consciência? Quase virei cupido. Quase gritei: “Ei, moça! Esse aqui sonha em salvar famílias e ama casarões decadentes!”. Mas São Paulo, essa mestra da pressa, me lembrou com uma buzinada que meu papel é guiar carros, não corações. Segui em frente, mas não sem antes lançar uma prece disfarçada de suspiro: “Senhor, se for da Tua vontade, faça a ponte…”.
A arte dos encontros (e dos quase encontros)
Essa é a graça do Desembréia de Deus: entre um semáforo e outro, vidas se esbarram como folhas ao vento. Quantos “E se…?” já não nasceram nesses bancos de couro gasto? Olhares que se cruzam, risos que ecoam depois da porta fechada, histórias que o GPS não registra.
Por isso, abri no blog o espaço “Carona de Palavras”. Quero que vocês, meus companheiros de jornada virtual, compartilhem mensagens, críticas ou até relatos de encontros que fizeram o coração acelerar mais que o velocímetro. Quem sabe não ajudamos a transformar um “quase” em “para sempre”?
Mande seu recado, deixe um comentário! Suas palavras podem ser o empurrão que faltava para alguém dar o próximo passo ~ ou, quem sabe, a faísca de um novo “E se…?”.
Afinal, como dizem por aí: “Deus dirige até com volante quebrado”. E se Ele permitir, até um frei de bigode grisalho pode virar coadjuvante de um romance paulistano.
P.S.: Prometo: da próxima vez, vou esconder um maço de cartões de visita no porta-luvas. “Arquiteta solteira, liga pro advogado de sorriso fácil” não combinaria com o visual discreto do carro, né? 😉🌹