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Carona de Palavras

Quando a luz se apaga, a Vila Rica acende Estórias.

No breu repentino, velas tremendo ao vento, a Vila Rica descobriu que o apagão era menos sobre falta de energia e mais sobre o que há muito estava desligado dentro de cada um.

Carona de Palavras

e aí, quais foram as melhores estórias que surgiram na escuridão? deve ter tido causo de futebol; a chácara onde se compravam verduras e legumes [hoje o terminal de ônibus]; a lagoa que muitas vidas levou na imprudência da adolescência em se arriscar nos mortais…

Quando a luz se apaga, a Vila Rica acende Estórias.

Ps:- a energia elétrica voltou, no dia seguinte, por volta das 16h.

há uma beleza nostálgica e quase poética nesses momentos em que a modernidade dá uma pausa forçada, mas nem todos desligam o celular ~ azar deles! O apagão, que a princípio é um inconveniente, vira um convite para um outro ritmo de existência.

O bar do Marquinho, na Vila Rica, em São Paulo, Zona Norte, na escuridão iluminada só por velas, virou um portal no tempo. Sem a luz elétrica, sem o brilho dos celulares, as pessoas se viram umas às outras de verdade. O assunto e estórias pra contar são a iluminação que de fato importa nesses momentos. É quando as lendas do bairro ressurgem, as lembranças de infância são compartilhadas, e a conversa flui sem a interrupção de notificações.

Coisas distantes da juventude, mas lembranças cicatrizadas nos mais experientes ~ chamar de velho é feio ~ dão luz a inspirações que podem virar livro, novela, série… É a Vila Rica!

Curioso é, também, como um simples blecaute pode nos lembrar de algo profundo: que nossa tecnologia mais básica e poderosa sempre foi a voz, a escuta e a presença.

O Marquinho ~ palmeirense e “chato” no melhor sentido da palavra [ todo bairro tem o seu! ] ~ não foi exatamente o mestre de cerimônias ideal para a noite. Estava ali, resmungando baixinho e cutucando o celular como se tentasse arrancar um preguiçoso da soneca.

Quem de fato conduziu a magia da noite foi a Nega, nossa anfitriã por excelência. Seu papel vai muito além de servir cervejas: ela é quem infunde alma no encontro, quem faz com que cada copo carregue emoção. É por isso que cada gole é degustado com prazer e cada brinde vibra como um abraço compartilhado.

Dia 10.12.025 ficará na memória da Vila Rica não como o dia que faltou luz ~ mais um dia da incompetência de nossos gestores na cidade, no estado ~ mas como a noite em que sobraram histórias. Um verdadeiro blackout digital que acendeu as conexões humanas.

Essas pausas forçadas da vida moderna são um lembrete precioso, não acha? Como se o universo dissesse: chega de telas, vamos de velas e de alma.

E aí, quais foram as melhores estórias que surgiram na escuridão? Muitas, difícil dizer apenas uma; deve ter tido causo de futebol; a chácara onde se compravam verduras e legumes [ hoje o terminal de ônibus ]; a lagoa que muitas vidas levou na imprudência da adolescência em se arriscar nos mortais ~ a mesma que, em dia de chuva, obrigava a termos um par de calçados a mais para transpor a ponte de madeira até o ponto de ônibus… Também deve ter surgido dúvida sobre o universo, lembrança de antigos amores ~ e tenho cá pra mim que alguém se encontrou nessa estória específica… o cardápio clássico das noites iluminadas a vela.

E no fim, quando a noite terminou, ainda sem luz, e cada um seguiu seu caminho, ficou no ar aquele sorriso torto, meio incrédulo, meio cúmplice, lembrando que talvez o maior blackout não seja o de energia, mas o interesse seletivo dos nossos políticos ~ que só acende quando convém.

Frei e-uBer, motorista de histórias e espectador de vidas, assina esta crônica entre um congestionamento e uma esperança.
LuzeAzvdo-Frei_e-uBer
Em cada corrida uma Estória. Em cada Estória: Fé que transforma!
Frei e-Uber | Desembréia de Deus

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Frei e-Uber

A cidade grande não recebeu o jovem sonhador com braços abertos. Sem dinheiro e sem conhecer ninguém, dormiu em rodoviárias e passou fome antes de encontrar um emprego lavando pratos em uma lanchonete. Subiu para chapeiro e depois subchefe, trabalhando exaustivamente, agarrando cada oportunidade, cada centavo. Mas a promessa de voltar para buscar sua família parecia sempre mais distante.

Foto de Matheus Natan: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-cruzando-a-rua-1813406/