desembréia de deus
  • A Desembréia
    • no Volante
    • na Estrada
    • na Paisagem
      • Acontece!
      • Cidade Revelada
      • De Boca Cheia
      • Feira Livre, Feira Viva
      • Rastro & Rabisco
      • Solta o Som, SP!
      • Verde que te quero viva
      • Você Sabia?
    • em Números
    • no Pensamento
  • Albums
  • Blog
  • Frei e-Uber
  • Contato

Carona de Palavras

Meu nome é Abe, apenas Abe!

… “a vida não se conquista num ato heroico, mas no detalhe repetido todos os dias, no feijão que se põe no fogo, no café que acorda o corpo, na paciência de esperar o pão crescer”

Foto de Nicole Michalou : https://www.pexels.com/pt-br/foto/vista-superior-de-uma-familia-orando-antes-do-jantar-de-natal-5779170/
Carona de Palavras

É assim que Grace lida com as disputas diárias do seu trabalho como chefe de logística numa empresa de transporte, trabalhando em home office, e com as dificuldades da filha em conseguir um emprego. O que faz dela ‘BabáVó‘ em tempo quase integral.

“Meu nome é Abraham Solomon Ode. Alguns me chamam de Abraham, outros de Avraim. Ouço Ibrahim às vezes, Avi. Mas prefiro Abe.”

“Abe” é um filme de comédia dramática de 2019, dirigido por Fernando Grostein Escobar de Andrade ~ um cineasta, músico e produtor brasileiro ~ e estrelado por Noah Schnapp e Seo Jorge. O filme conta a história de Abe, um garoto do Brooklyn que tem uma paixão por culinária e se torna aprendiz do chef brasileiro Chico [Seo Jorge], que usa a gastronomia para tentar superar as barreiras culturais e manter sua família, dividida entre as origens israelense e palestina, unida.

Acabo de assistir ao filme por indicação de uma cliente, a Grace. Grace, mãe e avó, é daquelas que vivem desafiando cenários do cotidiano: corre para buscar o neto na escola, administra a fila do caixa do supermercado da Casa Verde, tenta dar conta da máquina de lavar que insiste em parar no enxágue e ainda encontra tempo para falar de cinema. O neto dela é fruto de uma união improvável ~ uma mãe palestina e um pai judeu ~ que tentam construir a paz dentro de um apartamento de dois quartos, do outro lado do rio Tietê, na Barra Funda, em São Paulo.

Foi entre uma reclamação sobre o preço do tomate e a pressa para pegar o ônibus 177P-10 [Casa Verde – Metrô Butantã] ~ que Grace perdeu, ficando atrasada ~ que ela me convenceu: “Assiste o Abe, vai te fazer pensar sobre como a gente tempera a vida em meio ao caos”. Depois desse filme, que já assisti umas mil vezes, rs!, passei a entender melhor o caos que vive essa síntese da minha família perante as coincidências atuais do mundo.

O filme, segundo ela ~ que foi feito pelo irmão do Luciano Hulk [aquele que eu não suporto] ~, conta a história de um garoto chamado Abe, apaixonado por culinária, que sonha em ser cozinheiro. Com a ajuda de um chef brasileiro, o Chico, ele busca a receita ideal para acabar com as barreiras culturais que dividem sua família.

Percebi, assistindo ao filme, que enquanto a tela mostrava a luta do menino para unir mundos distintos, ecoava em mim uma frase: “a vida não se conquista num ato heroico, mas no detalhe repetido todos os dias, no feijão que se põe no fogo, no café que acorda o corpo, na paciência de esperar o pão crescer”.

É o mesmo com a Palestina e o Israel. Não existe prato mágico que resolva de vez o amargo da guerra. Mas talvez haja na rotina – no cozinhar juntos, no sentar à mesa sem armas, no tempero que lembra a infância – o começo de uma reconciliação possível. E é assim que Grace lida com as disputas diárias do seu trabalho como chefe de logística numa empresa de transporte, trabalhando em home office, e com as dificuldades da filha em conseguir um emprego. O que faz dela ‘BabáVó‘ em tempo quase integral.

Grace sabe disso. Entre o barulho do trânsito e a correria da vida, ela cuida do neto como quem prepara o mundo para ser mais justo. E talvez seja esse o segredo: um dia de cada vez, um prato de cada vez, um gesto de cada vez, até que a paz deixe de ser só uma receita e se torne a refeição servida.

Frei e-uBer, motorista de histórias e espectador de vidas, assina esta crônica entre um congestionamento e uma esperança.
LuzeAzvdo-Frei_e-uBer
Em cada corrida uma Estória. Em cada Estória: Fé que transforma!
Frei e-Uber | Desembréia de Deus

Papo Reto: 11 986 939 147

Desembréia: 02861-060 – Brasil, São Paulo, Cachoeirinha, Vila Rica, Ouvídio José Antônio Santana.

@Luze.Azevedo
@Frei.eUber
LuzeAZVDO WordPress Theme ❤ Made by eco.das.letras
LuzeAzvdo-Frei_e-uBer

Frei e-Uber

A cidade grande não recebeu o jovem sonhador com braços abertos. Sem dinheiro e sem conhecer ninguém, dormiu em rodoviárias e passou fome antes de encontrar um emprego lavando pratos em uma lanchonete. Subiu para chapeiro e depois subchefe, trabalhando exaustivamente, agarrando cada oportunidade, cada centavo. Mas a promessa de voltar para buscar sua família parecia sempre mais distante.

Foto de Matheus Natan: https://www.pexels.com/pt-br/foto/pessoas-cruzando-a-rua-1813406/